Séculos atrás, bem antes dos descobrimentos mas depois das lendárias aventuras greco-romanas, havia um reino chamado de Portugal.
Grandes eram os habitantes deste reino, lutaram durante séculos pela sua independência. Agora aqui se encontravam no seu sétimo reinado com o Rei
D. Afonso IV.
Sua mulher, D. Beatriz, estava grávida. Brevemente iria nascer o seu sucessor.
E assim foi, na bela cidade de Coimbra acabara de nascer o jovem príncipe, D. Pedro, na manhã de primavera de 8 de Abril.
Desde pequeno foram ensinados os comportamentos e tudo o resto que um monarca deveria ter e, claro, também desde muito cedo prometido em casamento, por diversos motivos.
D. Pedro não tencionava casar, aliás fora-lhe prometida uma jovem princesa castelhana, mas por motivos de deficiências psicológicas e físicas o casamento foi cancelado.
Por uns tempos não se ouviu falar de casamento algum, mas claro que, mesmo não querendo, era obrigado a casar, era como se fosse uma espécie de lei humana mas, neste caso, para um príncipe.
Uma das actividades preferidas do príncipe, para além da literatura, era a caça. E assim fazia, pelo menos sempre que podia, durante as manhãs nos pinhais que tinha ao redor do Castelo.
Numa dessas idas a caça deparou-se, quer dizer pelo menos pareceu-lhe, uma ilusão óptica. Só podia ser miragem, era totalmente absurdo uma dama estar num pinhal de manhã, ainda para mais sozinha.
Voltou para o castelo mas aquela imagem não lhe saía da cabeça, era algo totalmente fora do normal, nunca antes vista, pelo menos por seus olhos. A tal dama tinha longos cabelos louros como oiro, pele pálida mas com um tanto de suavidade, era de todo elegante e todos os seus movimentos eram formosos. Não podia ser real, estava a dar em louco com o seu pensamento, de todo virado para uma ilusão. Então, decidiu aparecer todas as manhãs naquele sítio, para ver se era real ou apenas fruto da sua imaginação aquela constante imagem que lhe surgia no pensamento.
Foi um dia, dois, três, uma semana, mas ela não aparecia. Decididamente, pensou que era mesmo imaginação.
No dia a seguir, ao perseguir um coelho, foi dar às margens de um grande rio que lá passava por perto.
Para além de encontrar o coelho que lhe fugia, encontrou aquilo que tanto procurava, que no dia anterior começara-lhe a escapar também.
Afinal não era ilusão nenhuma, afinal era real, mas real mesmo.
Aproximou-se e tentou falar com a jovem, que parecia um tanto amedrontada com a sua presença, mas logo acabou por falar.
Ao falar, apercebeu-se de que não era portuguesa, apesar de falar a sua língua tinha uma espécie de pronúncia galega.
Ao dialogarem, ficou a descobrir bastantes coisas acerca da jovem.
Chamava-se Inês, tinha chegado há pouco tempo do reino vizinho com seus pais e família. Na verdade, Pedro já tinha ouvido falar de uns tais nobres Castro mas nunca lhe despertara interesse.
Já era hora de almoço e ambos tinham de partir, mas combinaram de se encontrar todas as manhãs ali naquele local para se conhecerem melhor.
Ao voltar para o castelo, ficou com uma sensação estranha mas totalmente boa, era uma espécie de grande euforia e alegria. Também Inês ficara com a mesma sensação.
Desde aí, começaram a encontrar-se todos os dias, e nasceu um sentimento desconhecido de ambas as partes, aquele sentimento que nos obriga a cometer as maiores loucuras, que nos dá as maiores alegrias mas também decepções, que nos deixa estupidamente eufóricos e em que as curtas horas se transformam em longos milénios, aquilo a que começou-se a chamar de fero amor.
E assim continuaram a encontrar-se durante muito tempo, e esta relação colorida perdurou durante meses. Era algo anormal para a época, era um casal apaixonado, algo que não havia.
Estava tudo óptimo, até ao dia em que Pedro chegou ao castelo e seu pai ordenou que fosse até à biblioteca real. Aí descobriu que estava novamente noivo de uma princesa castelhana, e que ela já estava a caminho de Portugal. O jovem príncipe não tinha outro remédio senão casar com a castelhana como já foi dito em cima era uma espécie de lei para um príncipe.
Com esta noticia Pedro ficou totalmente á nora, só pensava em Inês, no quanto a amava e na sua reacção. Por uns tempos decidiu ocultar-lhe esta notícia, no momento pareceu-lhe a melhor solução.
Passado uma semana o mensageiro real, anunciou que D. Constança estava quase a chegar a Coimbra, e assim iniciaram-se os preparativos para o casamento real.
Mesmo assim Pedro continuou a ocultar tudo a Inês!
Nos seus encontros Inês começou a aperceber-se de que se passava algo, mas preferiu acreditar que era só uma impressão.
Ao ver a lista de convidados para o casamento reparou que a Família Castro (família de Inês) fora convidada para o casamento. Afinal não devia ter ocultado o casamento a Inês, agora iria descobrir da pior forma. O pior é que agora já não podia, mesmo que quisesse, falar com Inês pois o casamento era no dia a seguir.
Nessa noite Pedro não dormiu, esperava o pior.
Era de manhã e o casamento ia prosseguir, mas reparou que tanto Inês como sua família não estava presentes. O que será que tinha acontecido?
Foi perguntar ao Mensageiro real, e este informou-lhe de que a Jovem Inês tinha bebido veneno a noite passada e que agora estava às portas da morte, se é que já não tinha morrido aquela hora.
Pedro sem pensar em mais nada, largou o casamento e montou num dos cavalos brancos que repousavam na entrada do castelo.
Foi ter a casa de Inês e encontrou-a ainda viva mas estava por completo a desfalecer, chorou como nunca antes visto e pediu-lhe mil e umas desculpas, beijou-a como se fosse um fim do Mundo, na verdade era mesmo o fim do seu Mundo.
De segundo a segundo parecia cada vez mais gélida já não sabia o que fazer, se ela morresse ele também morreria ali naquele instante.
Por uns instantes deixou de reagir mas de repente abriu os olhos e sorriu para Pedro. Não sabia se era milagre ou que era mas Inês estava viva!
Inês recuperou, Pedro abandonou a coroa e logo abandonaram Portugal.
Muitos dizem que foram viver para Inglaterra e pertenciam a corte, outros que acabaram por morrer numa tempestade no mar. A única coisa de que há factos é que morreram juntos e felizes longe daqueles que lhe queriam mal.
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
Sem comentários:
Enviar um comentário